A EDUCAÇÃO FÍSICA
SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
PRISCILA TREVISAN[1]
Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) foram elaborados com o objetivo de oferecer ideias para a organização do
currículo escolar e de servir como um possível referencial para o trabalho
pedagógico realizado na escola, oferecendo flexibilidade e possibilidades de
adaptação.
Segundo os PCNs voltados à Educação Física nos
anos iniciais, as aulas de Educação Física devem ser momentos que propiciem aos
educandos desenvolver-se integralmente.
Nesta perspectiva, fica claro que aulas
puramente tradicionalistas, estereotipadas e de caráter de reprodução gestual
já não se adequam a este objetivo.
Os PCNs (1997) apontam que a Educação Física
escolar deve contribuir para o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, afetivo
e corporal, considerando que estes estão inter-relacionados, e entendendo o
educando como um sujeito social e cultural, que precisa construir o
conhecimento.
Refletindo que cada sujeito está inserido em
determinada cultura e em determinado contexto histórico, é evidente a
importância de o professor conhecer a realidade com a qual irá trabalhar e, a
partir desta, proporcionar experiências que possibilitem que estes sujeitos
conheçam e explorem sua cultura corporal de movimento, desenvolvendo suas
habilidades pessoais, corporais, afetivas e socioculturais. Os PCNs (1997,
p.33) expõem que
É necessário que o indivíduo conheça a
natureza e as características de cada situação de ação corporal, como são
socialmente construídas e valorizadas, para que possa organizar e utilizar sua
motricidade na expressão de sentimentos e emoções de forma adequada e
significativa. (BRASIL, 1997, p.33)
Considerando estes aspectos, o
documento fala da importância de se realizar práticas compostas de atividades
cooperativas, recreativas, competitivas e de diversas outras características
para os educandos aprenderem a diferenciá-las e a se adaptarem às situações que
se apresentam ao longo de sua trajetória de vida.
Segundo os PCNs, torna-se
fundamental o registro, a reflexão e a discussão sobre as experiências
vivenciadas pelos alunos. Isto torna a aprendizagem significativa, impregnando
de sentido os novos conhecimentos construídos pelo sujeito.
As situações lúdicas são apresentadas
como promotoras de aprendizados de uma grande variedade de movimentos que
requerem que o educando fique atento para que sejam executados de maneira
adequada e satisfatória. Estas situações lúdicas devem oportunizar
situações-problema, e que o educando realize a repetição por prazer funcional e
para a manutenção.
Afinal, atividades de automatização,
em que a criança repete os movimentos, aperfeiçoando-os, não devem ser tomadas
como meta nas práticas escolares, mas como parte integrante do processo de aprendizagem
da cultura corporal de movimento, no qual a criança, ao dominar determinado
movimento, tem a oportunidade de aperfeiçoá-lo e, então, enfrentar novos
desafios.
Ao proporem atividades nas aulas de
Educação Física escolar, os professores também precisam estar atentos à de que
maneira os afetos, sentimentos e sensações dos alunos irão interagir com a sua
aprendizagem. A manifestação de seus desejos e sentimentos permite aos sujeitos
experimentarem e expressarem características de sua personalidade. Segundo os
PCNs (1997), nessas práticas o aluno explicita para si mesmo e para o outro
como é, como se imagina ser, como gostaria de ser e, portanto, conhece e se
permite conhecer pelo outro (BRASIL, 1997, p. 39).
A afetividade também é um fator a
ser considerado quando se pensa na inclusão de portadores de deficiência. Com
orientação médica e de acordo com o grau de sua necessidade especial, assim
como com as medidas de segurança necessárias para que realizem as atividades
sem perigo, e com adaptações para que possam participar da aula, estes têm a
possibilidade de frequentar as aulas de Educação Física e desenvolver suas
capacidades afetivas, de integração e de inserção social.
Ao participarem das atividades,
sendo integrados ao grupo e tendo suas diferenças respeitadas, tanto os
portadores de necessidades especiais quanto seus colegas têm a oportunidade de
construir laços de convivência, reforçando a solidariedade, o respeito e a
aceitação.
Os PCNs permitem uma importante
reflexão sobre as aulas de Educação Física escolar, propondo que o professor de
Educação Física assuma sua identidade enquanto educador e enquanto educador de
determinada realidade e contexto escolar.
Atualmente, percebe-se a necessidade de que as
práticas sejam mais inclusivas, que dialoguem com o contexto social, histórico
e cultural do sujeito, que possibilitem o desenvolvimento integral deste, não
considerando apenas seus aspectos físicos, mas também emocionais, afetivos,
sociais, cognitivos, culturais.
Referência
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: Educação física. Brasília, MEC/SEF, 1997.
[1]
Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física, da Universidade Feevale,
e do curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância, da Universidade Federal de
Pelotas.